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domingo, 21 de março de 2010

quinta-feira, 18 de março de 2010

Recadastramento Quilométrico Biométrico



Diário de Bordo de Michele e Vanelise – Após 05 horas . eu repito: CINCO HORAS na fila do diabo do RECADASTRAMENTO BIOMETRICO.

O negocio é o seguinte.

A prova de resistência acabou e o premio era apenas imaginário...só os inteligentes conseguiam ver.
Não, não estávamos no Big Brother. Não era prova do líder...era apenas uma das alucinações que tivemos na peregrinação de ontem a noite.
Foi uma ciranda cultural sobre moda, beleza e comportamento. Uma imersão.
5 horas de convivência com os aborígenes de todas as estirpes. Com todos os “aromas” e “vestimentas” possíveis.
A visão do inferno, não há outra definição.
Quando chegamos (phynas) de óculos escuros e salto alto, nossa finess ainda enganava e nos sentíamos apenas um pouco desconfortáveis com os nativos.
Algo meio: não sou dessa tribo, mas vou manter a compostura.
Um ou outro mereciam nossa atenção como por exemplo o rapaz que insistia em passar no meio da multidão com o bicicleta numa vibe: customizei em casa meRRRmo, tá ligado?
O pneu era maior do qualquer um que eu já tenha visto. Desconfio que era um disco de arado gigante, improvisado para outro fim.
Tinha também um senhor com a perna enfaixada e muletas. No mínimo tentando sensibilizar alguém pra furar a fila! Nã Nã Não.
Não faltou também as moçoilas atração da comunidade: Manequim 54 vestindo Manequim 36. E o risco de explodirem a qualquer momento.
Gente gritando, gente bebendo, gente comendo, gente correndo, gente morrendo (ou a caminho de.).
E como o brasileiro, alem de deixar tudo para a ultima hora ainda é um povo criativo pra cacete, não demorou para aparecer um ambulante vendendo cordões prateados. Esses de colocar no pescoço de pessoas com gosto duvidoso. Lembram muito uma corrente que eu costumava prender a bicicleta nos passeios ciclísticos, mas há quem diga que é moda. Vai saber...
O programa foi também um passeio familiar para muitos. Pelo menos para o casal atrás de nós, acompanhados de sua prole: 4 filhos.
Atenção para a Equação:  4 filhos + Fila de 5 horas = MERDA.
E é claro, como todo o lugar de aglomeração popular, sempre aparece um conhecido. Normalmente um conhecido que a pessoa ODEIA e só gostaria mesmo de ver se estivesse na melhor cena de Viver a Vida - por cima da carne seca. Tipo assim: Voando as tranças em Búzios num carrão conversível (O Maradona cada um que escolha o seu ok?) Mas não. O infeliz tem que te encontrar ali na FILA DO RECADASTRAMENTO BIOMÉTRICO, em CANOAS, NA CALÇADA , AO LADO DO ESGOTO QUE FEDIA e com a dignidade já ausente.
O infeliz em questão era um fotografo, amigo da Michele (companheira de fé, irmã camarada) que estava ali certamente trabalhando para algum jornal, e tentava retratar  tamanho do caos. Ele não ousou nos fotografar. Deve ter temido pela vida.
Quando nossa fé já tinha ido embora, junto com a dignidade, eis que desce perante nós um anjo do céu. O pai da Michele.
Esse homem vai pro céu, nem que eu tenha que levá-lo no colo (a não ser que eu precise enfrentar fila. Aí não tá pai Vlade?)
Afinal que outra criatura que não celestial, apareceria ali no meio da fila em Auschwitz, e diria serenamente: Gurias...vão jantar! Deixa que eu fico aqui.
Não nos fizemos de rogada, e la fomos com algumas bolhas e uma fome dilacerante.
O triste foi saber que na volta, o anjo que nos aguardava na fila confortavelmente instalado em sua cadeira cor de rosa (sim, ele levou uma cadeira pra nós embora estivéssemos precisando mais de uma maca e um litro de soro), não havia avançado sequer um quarteirão. Nota:  A cadeira, depois de ser ameaçado pela filha de assassinato em via publica, ele tratou de guardar no carro.
Dizem que a muralha da China se enxerga lá de cima, dos satélites. A fila do recadastramento biométrico também, com certeza!
Lá pelas tantas estava eu de “chinela”(evidenciando minhas unhas dos pés descascadas), calças arremangadas (sim, o piso era um lamaçal), garrafa de água na mão. A Michele com um casaco enrolado no pescoço parecendo uma Talibã. Chique – mas ainda assim uma Talibã. Nós só riamos... riamos  ininterruptamente e sem motivo. Nos olhávamos e riamos mais.. ou eram espasmos???
A sala do tal recadastramento parecia um Oasis no deserto. Eu enxergava ela ali pertinho, e de repente ela desaparecia. Ainda havia muitos aborígenes na nossa frente.
A esta altura, desconfiávamos tudo fazia parte de uma grande conspiração. Seriamos nós cobaias de algum experimento cientifico-ufologico, e acordaríamos na manhã seguinte sem um dos rins numa banheira coberta de gelo como reza a lenda???
Ou então estávamos sendo catalogadas para lista da CIA / FBI e teríamos nossa foto divulgada nos sites dos mais procurados do mundo.
Não fazia sentido estar ali, naquele calvário a tanto tempo, por algo menos grandioso.
Depois de tudo isso, para fazer o raio do titulo, era preciso tirar uma foto.
Realize comigo: Ninguém, ninguém mesmo, absolutamente ninguém fica bem em uma foto 3 x 4. Sobretudo depois de CINCO HORAS na fila.
E o rapazinho, tem a pachorra de me perguntar... a Sra quer ver como ficou a foto?
Não querido, definitivamente não. Essa aí não sou eu. É meu espírito Neandertal! Acaba logo com isso!
E tudo isso pra que mesmo?  Ah claro.. para votar em novembro.
BRASIL, UM PAIS DE TOLOS TODOS.

terça-feira, 16 de março de 2010

(in)Justiça(s)?



Carreira é uma coisa engraçada - desgraçada para alguns. Engaçado também a forma com que as outras pessoas nos vêem como profissionais.
Aquela coisa de: O que será que ela vai ser quando crescer??!?!
Bem, eu desde que me conheço por gente, só quis ser duas coisas na vida (profissionalmente falando): Jornalista ou Psicóloga. Nunca pensei em ser nada além disso. Nunca me vi realizada profissionalmente em outro ramo. O problema é que o ramo que gostaríamos de estar, é normalmente diferente do RUMO que a vida nos coloca pra seguir.
Pra confirmar isso, nunca pude fazer nenhuma dessas graduações: Nem psicologia nem jornalismo. Acabei vindo parar na Administração que é o que mais se encaixa com meu trabalho atual. Como as vezes o que é necessário nem sempre é exatamente o que sonhamos um dia, sigo o baile, já mais pro final do que para o inicio do curso. Ainda chego lá.
O fato curioso é o que muita gente já me falou na vida: “-Tu deveria ser advogada, leva jeito”ou   “Pô, tu serias uma baita advogada”.
Sei lá de onde esses seres queridos tiraram essa idéia, mas de onde quer que tenha sido, ela não condiz em nada com qualquer pensamento que eu já tive sobre carreira.
E não que eu considere a profissão pouco atraente, muito pelo contrário. Acho que deve ser um mundo fascinante. O problema sou eu mesma. Sou “demais” para o exercício da profissão.
Afetada demais, revoltada demais, inconformada demais, defensora demais dos pobres e oprimidas.
Como –penso eu- poderia defender um pedofilo por exemplo?  Sim, é um exemplo extremo eu sei, afinal o direito tem outras vertentes. E  mesmo na área criminal, poderia atuar na promotoria e não na defesa. Mas mesmo do outro lado: Como poderia eu ajudar a condenar um criminoso desse porte sabendo que ele tem uma lista interminável de benefícios e que esses poderão resultar no relaxamento da pena. E que, portanto, esse mesmo criminoso, em vez de apodrecer na cadeia estaria em poucos anos na rua fazendo sabe-se lá quantas outras vítimas.
Como imaginar em contrapartida que este, ou qualquer outro criminoso poderia ser recuperado nesses depósitos de gente fétidos que são as cadeias (ou a grande maioria delas) nesse país.
Como conviver com a corrupção, com a desonestidade, com as falhas de um sistema podre e vergonhoso? Como conviver com a contradição de passar valores de dignidade, justiça e honestidade para um filho, e ao mesmo tempo sobreviver a mercê da indignidade, da injustiça e da desonestidade.
Não. Acho que a prisioneira neste caso seria eu. Quem sabe já seja, prisioneira de utopias coloridias, enfim...
Mas admiro demais quem escolhe o Direito como exercício de vida: Sim, porque é bem mais que uma escolha profissional. É uma forma de acreditar que a vida tem jeito.
Tenho alguns amigos especiais que o exercem com maestria pelo amor ao oficio e certamente fazem o melhor que podem dentro desse circo pré estabelecido, até porque são pessoas de integridade sem igual.
Mas realmente: Não faz parte do meu show. E não, não vou ser quando crescer.

Então tá.



sexta-feira, 12 de março de 2010

Vani o que?


Meu nome é Vanelise.
Meio estranho,eu sei. Mas estando eu com ele há 29 anos, já me acostumei. Afinal, que jeito?
Aliás, quando não se sabe a procedência do meu nome, nem se estranha tanto. Ocorre que ao saber de como ele foi “criado”, as pessoas –eu inclusive – acham no mínimo (eu disse No mínimo) engraçado. Eu explico: Este nome surgiu da junção dos nomes de meus pais, Vanderlei e Elisete. Portanto, Van (de Vanderlei) e Lise (de Elisete). Criativo, não? Poderia ser pior, claro: Elisvan..já pensou?
Pois bem. Pessoalmente não tenho maiores problemas, pois via de regra falo uma vez e as pessoas costumam entender.
O problema é que por telefone o bicho pega. Já fui chamada das mais variadas combinações: Vanelucia, Vanise, Vaneide, Vaneleide, Anelise, Vanice, Vanilda, Vanilisia, e por aí vai.
Mas hoje, ao falar com um cliente no trabalho, essa confusão passou de todos os limites.
Passei meu e-mail ao distinto senhor para resolver um problema rotineiro de trabalho, e eis o choque quando recebi:
O cidadão me mandou um e-mail me chamando de Vanicleide!!!!  V-A-N-I-C-L-E-I-D-E.
Senhor! Quem, em sã consciência se chamaria Vanicleide???
Se eu me chamasse Vanicleide, mentiria meu nome, fato!
Falsidade ideológica? Sim, e daí? Algo pode ser pior do que ter em seu RG o nome de VANICLEIDE?
Sem falar que processaria meus pais, usaria um codinome, entraria com um processo para alteração de identidade, enfim: Qualquer coisa, menos me assumir como Vanicleide.
Já pensou? Qual sua graça?  Vanicleide...  (PAUSA HILÁRIO-DRAMÁTICA)
Imagino  Vanicleide sendo uma cidadã advinda dos campos do corte de cana, lá pelo ano de 1930, com 12 filhos nas costas provavelmente num pau de araras.
Não eu! Eu sou de 1981. Trabalho, estudo, leio bastante, me considero bem informada, tenho uma filha de 6 anos, passei pelo ano 2000 e cá estou eu firme e forte em 2010. 
Como, em nome de Nossa Sra. dos Nomes Esquisitos, eu poderia me chamar Vanicleide???
Imagina eu bebê e os adultos falando naquele conhecido dialeto Babyglês falando: Ai que cuti cuti a Vanicleide. Coisa linda da titia...Vem cá Vanicleidinha!!!
Ah, não, não há como supor!
Ok, desculpe aí se alguém se chama Vanicleide, talvez se sentisse ofendida também se a chamassem pelo meu nome.
Mas que foi hilário foi. Ora Vanicleide!!!
:)
Então tá!

Gnomos





Essas adoráveis criaturinhas andam me pregando tantas peças, que acho válido externá-las.
Moram em minha casa clandestinamente, e muitos tenho certeza, pulam para dentro de minha bolsa afim de cometer pequenos furtos diários.
Eles têm uma tara especial por alguns artigos específicos: isqueiros, sombrinhas, celulares e chaves em geral.
Suponho que guardem o produto do roubo em algum local secreto, uma montanha formada por esses objetos. Posso até visualizá-la: Toda colorida, um amontoado de isqueiros dos mais variados tamanhos, cores e preços já que eu como fumante, já passei pela fase de comprar um isqueiro por dia, praguejando as criaturinhas sorrateiras.  Até que cansei, me dei por vencida.
Agora uso somente fósforos vagabundos. De quinta categoria mesmo. Ou eles pensavam que iriam rechear sua coleção com os nobres Fiat Lux?
Nã nã não.!!Só quero saber daqueles de última, de preferência que venham de brinde em qualquer estabelecimento. Não raro, chego em algum “armazém” para comprar meus fósforos e o atendente com cara de piedade me pergunta:  Moça, só tem isqueiro (me vendo com o cigarro na mão, como se estivesse me apresentando pela primeira vez a uma maravilha da revolução tecnológica).
Digo: Não, obrigada. Fósforos. Quero fósforos. Isqueiros “eles” roubam (cochichando no “eles”)
E saio, sob o olhar desconfiado do atendente que seguramente deve estar se perguntando de que planeta eu vim.
Quem se importa? Os homens das cavernas viravam-se com pedras e gravetos, ora! Ok, eles não fumavam, mas duvido que não puxavam uma ervinha qualquer (sem apologia, ok?)
Mas preciso lembrar que os meliantes são ecléticos. Quando tomaram gosto pelas peças que me pregam, resolveram se atirar em outras categorias mas ousadas: Partiram então para o furto de chaves e documentos.
A maioria dos objetos são logo recuperados. Imagino que eles hajam a noite, fiquem a espreita e colocam de volta em algum local estapafúrdio, evidentemente bem longe de onde eu lembro de ter visto da ultima vez.
Mas alguns, são perda total, como aconteceu por exemplo com uma pasta de documentos importantes de desapareceu do nada. Devem ter tido trabalho para carregá-la. Era bem pesada.
Mas são assim mesmo meus hóspedes clandestinos. Devem conhecer muito de mim.
Tentarei explicar tudo isso para meu médico. Mas ele será enfático, eu sei:  Alzheimer senhora. Isso é Alzheimer precoce. Ou stress. Tudo agora afinal, é stress.
Vai querer prescrever Memoriol certamente, e dizer que não passo de uma moça desatenta.
Muito menos transcendental que a versão “Gnomística”, vocês hão de concordar.
Sendo assim, fico com eles. Um dia eu os pego, ah se pego!
Então tá.

sábado, 6 de março de 2010

Piada de mal gosto


Canoas-RS pode ter Felipão como embaixador






Não senhores, este não é um post de uma cidadã Canoense sobre a possibilidade de ver sua cidade como subsede da copa de 2014.
Não, esta também não é (infelizmente) uma nova crônica para o meu blog.

Este é um manifesto, um desabafo, uma tentativa de ser assertiva, com a arma que disponho no momento: a escrita.
Esta é a historia de um homem de 58 anos, tentando um atendimento médico no sistema publico de saúde.
É meu tio, o Sr. Jair. Mas certamente é a história de milhões de pessoas que certamente estão na mesma situação, se não em pior.
A saga inicia no sábado, dia 30 de janeiro de 2010. O Sr. Jair acordou na manhã do dia 30 com fortes dores abdominais. Os medicamentos triviais para dor não funcionaram, e a mesma aumentou tanto a ponto de sua esposa levá-lo ao HPS de Canoas, já que o mesmo apresentava uma aparência amarelada, e dificuldades em andar, além das fortes dores que não cessavam. Ao chegar no HPS, o médico constatou após alguns exames, que ele estava com pedras na vesícula, e dois sistos nos rins, além de uma alteração no fígado. Haveria de ser feita uma cirurgia rapidamente.
Após o diagnóstico, o médico o manteve internado no HPS, ministrando medicamentos pra dor, e antibióticos.
Ao fim da tarde entretanto, deu-lhe alta, já que as dores estavam “administráveis” e já que não havia um anestesista disponível. Orientou que meu tio procurasse um posto de saúde para marcar a cirurgia recomendada. O médico fora bastante claro, informando que se tratava de uma cirurgia em caráter de urgência.
O posto de saúde então foi a segunda escala da rota, na segunda-feira dia 01 de fevereiro, afinal, postos de saúde não funcionam nos finais de semana.
Já na segunda-feira, meu tio deslocou-se novamente com fortes dores, ao posto de saúde, conforme orientação médica do HPS. Lá chegando, descobriu que a coisa não era assim tão simples. Ele precisava marcar uma consulta: primeiro com um clinico geral, e este por sua vez, o encaminharia para a marcação da cirurgia.
Mas, é claro, a coisa novamente não era assim tão simples. Afinal, ele teria que primeiramente retirar uma das fichas que seriam distribuídas no posto de saúde, e que por sua vez, só faria agendamento para a partir de 11 de fevereiro (portanto, mais uma semana após).
Nos dois dias seguintes, o amarelão não cessava e as dores vinham cada vez mais freqüentes e fortes.
Sendo assim, os familiares novamente o levaram ao HPS, na esperança de que alguém pudesse então atendê-lo.
E então, finalmente uma luz no fim do túnel. O próprio HPS agendou a cirurgia (devido a gravidade), para o dia 11 de fevereiro.
De posse das orientações pré cirúrgicas, meu tio fez o recomendado jejum de 12 horas, e no dia 11/02, às 07 horas da manhã foi  novamente ao HPS a fim de realizar a cirurgia agendada.
Lá chegando, aguardou até as 13 horas. Neste horário foi informado que havia cirurgiões disponíveis, mas era necessário um médico anestesista. Porém, havia apenas 1 anestesista de plantão no HPS. E assim sendo, este não poderia atendê-lo, pois por ser o plantonista, não poderia realizar anestesia em procedimentos cirúrgicos que não fossem pertinentes aos atendimentos de acidentados, ou de pessoas baleadas. Mandaram-no novamente pra casa. Com dores, e sem cirurgia. Remarcaram então, para o dia 20 de fevereiro a aguardada cirurgia.
Dia 20 de fevereiro, 7 horas da manhã, novamente meu tio (ainda sob efeitos de remédio para as dores que só aumentaram neste período) dirigiu-se esperançoso ao HPS. Novamente em jejum. Novamente aguardando atendimento. E novamente senhores: Novamente ele foi mandado embora, pois o médico anestesista que “seria” contratado para atendimento extra no pronto socorro, não estava. E sim, novamente o mandaram de volta para casa. Com dores, e sem cirurgia. Desta vez, não houve um novo agendamento de datas, mas houve um novo encaminhamento ao posto de saúde, a fim de se tentar através deste a marcação da tal cirurgia.
De posse de todos os exames, no dia seguinte meu tio foi (já bastante debilitado) ao posto de saúde. Mas não. A cirurgia não pode ser marcada.
Desta vez não faltavam médicos para atendê-lo, nem fichas, nem anestesistas. Faltava um telefone. Sim senhores, um telefone. O posto de saúde há DUAS semanas não consegue marcar a cirurgia por não terem telefone. Eu explico: O agendamento é feito através da internet, mas como o posto não tem telefone, não funciona a Internet, e sendo assim, não é possível agendar uma cirurgia.
Neste meio tempo, entre as idas e vindas ao HPS e ao posto de saúde, meu tio          também tentou atendimento no ÚNICO hospital publico da cidade, o Nsa. Sra. Das Graças. Mas lá a informação foi a mesma: O paciente deve primeiro procurar o posto para marcar a cirurgia.
Ele também tentou um hospital da rede Ulbra, que também realiza(va) atendimentos pelo SUS,. Porém, devido a esse hospital estar “falido”, os médicos fizeram um acordo coletivo com a instituição e foram todos demitidos e não há atendimento.
Meu tio segue até o momento, ingerindo doses cavalares de medicamentos pra dor.
O sisto, sem duvida deve ter aumentado, assim como as pedras e as dores.
No meio disso tudo me surgem algumas perguntas:
O que faria o HPS se chegassem DOIS pacientes baleados?
Ou DOIS acidentados. Já que só dispõe de UM anestesista?
Caso o estado do meu tio venha a piorar ainda mais (já que os resultados dos exames estão todos alterados com as taxas incrivelmente acima das normais), e por fim vier a falecer por conta desse descaso, a quem devo reclamar?
O que os familiares devem colocar em sua lápide? Pensei em algo do tipo: Morreu aguardando atendimento. Ou quem sabe: Coitado, cansou de esperar.
Senhores, eu humildemente pergunto: Canoas, subsede da Copa do mundo?
Ou eu estou incrivelmente equivocada, ou só pode tratar-se (por motivos óbvios) de uma grande piada de mal gosto.
Sugiro a prefeitura, que convide o Dr. Drauzio Varella como embaixador da Copa. Ao que parece, a cidade carece mais de médicos do que de técnicos de futebol.


Então tá.

quinta-feira, 4 de março de 2010

segunda-feira, 1 de março de 2010

Praticando o desapego


Sempre acreditei muito na força da energia, nas coisas que atraem bons e maus fluídos.
Embora seja mais perceptível nas pessoas (tem gente que tem uma carga pesada de energia negativa), acredito muito que colocamos energia nos objetos pessoais, sobretudo naqueles que vamos soterrando nas gavetas a espera de que algum dia elas tenham alguma serventia.
Não há serventia. O que há é um excesso de apego nas coisas que guardamos.
Por vezes, essa energia se encontra naquele papel que embrulhou o belo presente de Natal e fica ali, amontoado no fundo do armário até que a próxima ocasião lhe solicite serventia.
Ou então, naquele casaquinho medonho comprado na feirinha da praia, de gosto duvidoso, e que jamais damos permissão pra habitar nosso corpo. Mas habita o armário com cabide privilegiado e direito adquirido. Não vamos usar, mas não conseguimos tirá-lo dali, de onde sequer o enxergamos. Mas quando o vemos, fazemos de conta que faz parte do contexto, e afinal pra que mexer no que já está?
E assim, as energias vão assentando poeira, criando raízes e estando ali paradas, fazem com que fique estagnada também nossa energia de vida.
Algumas vezes me deparei em situações que me solicitaram responder qual meu hobby. E normalmente me detinha a dois: Ler e Escrever.
Mas descobri outro, que chamo carinhosamente de “praticar o desapego”.  E digo, tem sido uma terapia praqueles dias insossos em que ficar em casa parece ser o melhor dos programas.
O desapego tem começado ultimamente pelo roupeiro: aos poucos tirando coisas das quais me envergonho de ter olhado, quiçá de ter comprado. E passa pela papelada do escritório, fazendo pitstop nos demais armários e gavetas da casa... é uma delicia.
Livrar-me de toda aquela tralha, é como tirar camadas de pele morta do meu corpo, e deixá-lo respirar.
Uma esfoliação na alma...relaxa, renova e abre espaço para novas energias.
De quebra, temos a possibilidade de praticar algo ainda mais nobre que o desapego: a solidariedade com aqueles que não têm muito que tirar de dentro dos armários, mas merecem receber nossa boa energia em forma de doações.
Sejamos como o mar, que está sempre se renovando, movimentando suas águas e possibilitando que a vida se manifeste em seu interior.
Então tá!