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sábado, 20 de fevereiro de 2010

O que a infância nos rouba



Sempre gostei muito de viajar, desde criança.
Adorava aquela farofada de verão, uma correria louca pra garantir a temporada de praia.
E era sempre a mesma função: Quando tinha casa , não tinha carro. Se tinha carro, não tinha casa. Se tinha ambos, não havia ninguém pra ficar com o cachorro, que por sua vez não podia acompanhar a trupe pela evidente superlotação dos veículos disponíveis.
Depois de organizar toda essa logística complicada, vinha a fase mais deliciosa..a de arrumar as malas e fazer planos para aqueles 3 meses entre dezembro e março que pareciam infinitos.
Minha mente infantil não descansava enquanto não chegasse o famoso dia de partir. A noite anterior era de insônia garantida. E enfim, chegava a tão esperada hora de viajar.
Aperta daqui, aperta dali, e se conseguia – sabe-se Deus como – alojar aquela parafernália toda no porta malas e “lá vamos nós”.
Chegando no destino, era só curtir aquilo que a infancia tem de melhor…a leveza, o descompromisso autorizado, a alegria gratuita. Eram três meses em que o impensável era permitido. Sorvete e refrigerante ao nosso bel prazer. Torrar no sol da manhã até o finalzinho da tarde, pouco se importando se a água do mar estava limpa ou suja, se estava calmo ou agitado. Andar de pés descalços era lei. Rolar na areia, era praticamente um ritual obrigatório.
O sol não era não forte. Não tinha horário em que os raios UVA e UVB eram mais ou menos agressivos. Havia o sol somente. Soberano, sinal de verão.
Protetor solar era frescura. Guarda-sol? Só se acaso algum idoso quisesse cochilar na beira da praia.
Andar descalço não fazia mal.
Os mosquitos não incomodavam, não traziam a dengue.
Não havia água própria ou imprópria pra banho: Havia o mar, somente.
Talvez todos esses problemas já existissem sim, mas crianças não os detectam. Para isso existem os adultos e suas vigílias incessantes.
Hoje, sob o Sol da Toscana (Porto Alegre, 40 graus a sombra), olho pra minha filha, do alto de seus 6 anos, e com todo o gás que lhe é peculiar e fico pensando: Meu Deus, como é que agüenta, neste calor infernal, correr tanto, pular tanto, e sequer se cansar? Fácil: Ela é criança. Eu fui ela ontem. Hoje sou a adulta chata que faz a vigília e se admira com a energia que ela possui.
Bons tempos… boas lembranças de um pedaço de nós que a infância rouba, e fica lá.
Há muito o que aprender com as crianças.
Então tá!

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