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sábado, 20 de fevereiro de 2010

Gente Equilibrada


sábado, 30 de maio de 2009



Gosto de gente equilibrada.
Não que eu seja…quer dizer, não sou uma desequilibrada completa e sem salvação, apenas dou uma surtada as vezes, mas nada que possa arranhar minha imagem (pelo menos não minha auto-imagem).
Mas tenho forte empatia por pessoas com equilíbrio nato, não fabricado. Pessoas lineares, constantes, serenas e por tudo isso sábias.
Acho que a idade tem me feito aproximar de pessoas com essas características, não tanto por semelhança, mas por admiração gratuita mesmo.
Pois eis que estava despreocupadamente folheando as páginas de um jornal, quando me deparo no caderno de esportes (local que raramente me detenho), com uma entrevista concedida pelo Sr. René Simões, atual técnico do Coritiba (alguém pode me explicar porque Curitiba se escreve com U e Coritiba –time – se escreve com O?!?!?!).
Esse tipo de matéria provavelmente não teria me chamado atenção, exceto pelo fato de o título chamar-se O INTERNACIONAL NÃO É IMBATIVEL.  Como boa colorada que sou, pensei cá comigo e meus botões vermelhos: mais uma entrevista desses técnicos que como sabem que são desfavorecidos frente a uma equipe, saem dando declarações polêmicas, para inflar a torcida. E assim, resolvi ler a entrevista na íntegra.
Queimei a língua!
Não tratava-se de provocação desnecessária, exibição de ego, ou coisa parecida. Foi simplesmente a entrevista mais elegante, serena e com clareza de idéias que li ultimamente e que, sinceramente me surpreendeu. Num esporte em que a vaidade é tão colocada na passarela para competir antes mesmo do jogo começar, é de se parar para reverenciar uma atitude rara nos dias atuais.
Em nenhum momento René denegriu a imagem do Inter, muito pelo contrário. Teceu elogios ao longo de todas as declarações, exaltando as qualidades individuais dos jogadores, a importância de cada um, da força da equipe como um todo, do mérito do técnico Tite para reger um grupo e torná-lo tão competitivo.
O repórter por sua vez, deu aquela conhecida cutucada.Povoca daqui, provoca dali, e o máximo que René, do alto de suas requintadas idéias declarou, foi que Todo mundo tem um Inter na sua vida. Aquele obstáculo que você acha que é muito grande, intransponível. Depois que você o supera vê que não era tão grande. Isso é no trabalho, nos relacionamentos, em qualquer relação. Não é nenhum absurdo dizer que o Inter é um bicho-papão. Até porque ninguém conseguiu vencê-lo(…)Então, tudo que se diz do Inter corresponde aos dados. Uma equipe fortíssima, tanto é verdade que tem dois jogadores convocados para a Seleção merecidamente. Fosse o Guiñazu brasileiro, estaria na Seleção também. É uma equipe que tem de ser olhada com muito carinho, não se preocupa só em marcar, mas também em roubar a bola, sair com muita velocidade e se compacta muito bem. Uma equipe extremamente moderna. Merece o rótulo que tem, a posição em que está. Mas, o que é bom no futebol: o Inter não é imbatível.”
ZH  O Coritiba é o azarão da Copa do Brasil?
Simões 
– 
Nós e o Vasco. Seríamos, sim. Mas acreditem nos azarões. Eles existem.
Esse é apenas um trecho da entrevista que pode ser localizada  no link abaixo.
Mas o que quero dizer, na verdade, nada tem a ver com futebol. É muito mais, é maior.
É o registro da inteligencia emocional vencendo a guerra desvairada e ignorante dos egos, não no esporte, mas em qualquer grupo/organização/relacionamento. É a prova de que é possível ser acertivo, motivador, respeitando o outro, mesmo que o outro seja o adversário, e sobre tudo demonstrar dignidade. É fazer com que seus liderados confiem não no líder somente, mas em seu prórpio potencial.
Certamente cada um dos jogadores da equipe treinada por René, se não sentiu, deveria sentir orgulho das palavras do porta-voz deles. Eles certamente hoje, embora tenham perdido a partida, ficaram com a certeza de que ninguém perde nada que ainda não começou. Ninguém tem absoluta certeza do resultado de determinada ação sem tentar. Ninguém precisa ter medo de alguma coisa, só porque o resto do mundo diz que deveriam ter. Perderam sim, mas com dignidade e coragem, e isso faz uma baita diferença.

Então tá!

 Entrevista do técnico René Simões ao jornal Zero Hora.

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