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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Deu saudade desse canto.



1 ano e 11 dias sem nenhuma postagem.
1 ano e 11 dias se passaram desde a ultima vez que estive por aqui.

Quando a gente projeta um ano a frente na vida, nem de longe imagina o quanto ela pode virar do avesso nesse período.
Quem era aquela que escrevia por aqui, o cotidiano sob uma ótica absolutamente particular? A mesma que vos fala nesse instante meus casos.
Alguns quilinhos a mais, um ano mais experiente, mas a essência continua a mesma. A inquietude também.
A vocação virou profissão. A rotina, antes tão cronometrada, hoje é pautada por um ritmo alucinante, um dia em cada lugar, o contato quase diário com dezenas de pessoas diferentes e uma troca enriquecedora de energia e experiências.
Essa rotina me consome tempo, mas enriquece a alma. Portanto, estou no lucro.
A vontade de escrever anda latente. Farei o possível para me entregar a ela.
A escrita segue sendo minha melhor terapia.
Absolutamente realizada, hoje meu único desejo é parafrasear o mestre Lulu:  "Tomar o mundo feito Coca-Cola".

E que assim seja...por mais muitos anos!

Então tá!

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Pisantes




Ela que sempre foi alucinada por sapatos, agora contempla a vitrine sem que o coração palpite e o cartão de crédito - estourado - se revire da carteira.
Entrou na loja calmamente  e chegou a espiar  a seção de 50% OFF. Olhou, mexeu, avaliou e depois de algum tempo concluiu que eram todos tão iguais que não se encorajou.
Sempre soube do poder de um salto. Os dedos poderiam estar esmagados, o calo doendo, a joanete latejando... mas o salto sempre deu aquela alongada que valoriza qualquer perna.
A grade de números nunca foi problema, afinal: (...)O 36 acabou, mas leva o 35 porque a forma é grande (...)
Mas não neste dia. Algo havia mudado com a mudança das folhinhas do calendário.
Já passara dos 35, e salto nenhum operava o milagre da perna alongada e da postura ereta.
Ainda usava os últimos exemplares que guardava com carinho. Souvenir de uma época de muito glamour e pés esfolados.
Ainda mantinha a postura soberana quando subia em seu pedestal particular. Mas bastava que, ao meio do expediente alguns lances de escada lhe cruzassem o caminho e pronto.
O incomodo insuportável de pés quase na vertical se sobrepunha a todo e qualquer requinte que o salto lhe concedia.
Os joelhos dobravam, as costas arqueavam e os pés se arrastavam numa suplica sem fim.
E foi num dia de tortura extrema aos pezinhos que decidiu que o reino dos 10 cm a mais a qualquer custo havia caído por terra.
Saiu do trabalho cambaleante e parou em frente a vitrine. A mesma que mantinha sobre ela o poder da hipnose.
30 minutos depois, teve a certeza de que estava curada.
Saiu calçando o mesmo sapato trucidante que lhe levou até lá. Pés destroçados, conta corrente preservada e dignidade recuperada.
E foi assim que, ao chegar em casa, se livrou do objeto de tortura e providenciou o mais delicioso escalda pés em água morna e ervas aromáticas.
 Assumiu então, para si e para o mundo, um relacionamento que há tempos ela tentava em vão resistir: O de seus pés, com um belo par de pantufas.

E percebeu assim, que glamour e atitude nunca chegaram a seus pés. Nem através deles.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

A melhor amiga. Ou não.



Eu tinha 8 anos quando conheci minha primeira melhor amiga.
Mudei para aquela casa nova, naquele bairro novo e não lembro ao certo em que momento nos cruzamos, mas é provável que o encontro tenha sido promovido pelo jogo de vôlei no meio da rua.
Estávamos em meados de 1989/90, onde o Facebook da época era o Questionário feito em cadernos cuidadosamente customizados, muito embora essa palavra provavelmente ainda não tivesse nascido. Lembro também das gigantes coleções de Papéis de carta pelas quais até hoje eu lamento não ter guardado um exemplar que fosse de recordação.
A Gabi era a minha melhor amiga desde sempre, e eu enchia a boca pra falar isso. Adorava ela, admirava, imitava, dividia tudo com ela e estava sempre disponível para o que fosse sempre que ela precisasse.
Até aí, nada de errado. O problema é que eu realmente estava disponível sempre, mas ela só me “solicitava” quando realmente precisava.
Não acho que ela não gostasse de mim. Gostava claro. Fizemos um milhão de coisas juntas. Da infância até meus 21 anos, fomos além de amigas, vizinhas também. Passamos por todas as fases. Estudamos na mesma escola, tivemos a mesma turma, os mesmos “paqueras” até.
Mas de sua parte, nunca senti que houvesse o mesmo carinho e entrega da amizade que eu nutria por ela.
Não foram poucas as vezes em que voltava pra casa chorosa,  quando em algum episodio sentia seu desprezo. Disfarçava, dizia para mim mesma que eu deveria estar enganada e no dia seguinte contava as horas pra poder chama-la pra brincar novamente.
De fato, sempre tentei contornar. Normalmente tentava me convencer que era apenas o jeito dela (e talvez fosse realmente só isso), mas que no fundo ela também me concedia o titulo de melhor amiga.
Talvez eu simplesmente quisesse ter uma melhor amiga e a elegi sem que sua candidatura estivesse lançada.
O tempo passou, ela casou, engravidou, mudou de casa. Não necessariamente nessa ordem.
O tempo passou, eu casei, engravidei mudei de casa, de cidade, de estado. Não necessariamente nessa ordem.
Eu não sei onde ela mora, onde trabalha nem os lugares que frequenta.
Eu não conheço seus filhos. Ela tampouco à minha.
Suponho que ainda moremos na mesma cidade, mas como ela não tem conta em redes sociais não posso afirmar.
Há alguns meses cruzei com ela em um shopping, e de longe reconheci.
Me senti alegre, como alegre ficava todas as vezes que ela me chamava no portão para brincar.
Acenei, ela estava acompanhada de uma criança que suponho, seu filho. Ela não me viu, pensei.  Apertei o passo, sorri e continuei acenando e seguindo em sua direção.
Ela me viu. Mas por algum motivo virou o rosto e desviou o olhar no horizonte, disfarçou vendo alguma vitrine e preferiu não me reconhecer. Não foi rude, nem teria motivos para isso, já que nunca nos desentendemos. Apenas preferiu não me ver, não fazer contato.
Engraçado como as sensações de rejeição voltam a tona quando uma experiência se repete.
Respeitei. Disfarcei com qualquer coisa ao redor, e mudei de direção. Não quis o constrangimento de ficar frente a frente e deixa-la na obrigação de um cumprimento ao menos.
Nunca mais a vi. Continuo sem entender sua atitude, embora respeite absolutamente seu direito legitimo.
Ainda não discuti esse tema em terapia, mas talvez venha fazê-lo um dia, mas faço cá minhas análises nessa autoterapia que a escrita me permite.
Não sofro com esse assunto racionalmente. A gente vira adulto e em algum momento tem coisas mais importantes com que se preocupar.
Mas a vida, sempre tão certeira, por vezes me faz refletir sobre essas e outras questões sobre pessoas que passam em nossas vidas.
Encontrei muitas melhores amigas (o)s pelo caminho. Um time deles. Um time de primeira diga-se. Amigas a quem eu posso ficar meses a fio sem ver, mas que ao vê-las certamente sem a menor cerimonia me deixarão sentar e colocar os pés no sofá tomando um café requentado como se tivéssemos nos visto a ultima vez há algumas horas somente.
Amigas a quem posso receber de havaianas, meia e roupão e mesmo assim nossos encontros serão memoráveis. Amigas que me conhecem do avesso e do primeiro ao quinto e que mesmo assim, acreditem, permanecem.
Só posso concluir que eu sempre tive não uma, mas muitas melhores amigas. Algumas sempre estiveram por perto.  Outras chegaram mais tarde. Algumas ao alcance quase que diário. Outras que só com agendamento prévio. Culpa da correria generalizada de nossas rotinas.  Mas que nunca saíram do posto. Nem sairão.
Que bom que eu soube reconhece-las. Que bom que não deixei de acreditar o quão precioso é ter amigos.
Tomara que a todos eu tenha me doado sem me economizar, mesmo para os quais meu tempo seja escasso.

Então tá!

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Sombrinha


- Está chovendo Clara, você não tem sombrinha?
- Tenho...quer dizer, devo ter. Se tenho deve estar em alguma gaveta na minha casa - respondo.
- Mas você não anda com ela?
- Não...a menos que ao sair de casa eu perceba uma chuva torrencial que me impeça de chegar ao carro, não.
- Mas Clara, sombrinha tem que andar sempre na bolsa. Eu nunca tiro a minha de lá, quando chove estou sempre prevenida.
- Jura Mel? Tipo...sempre? Mesmo quando não chove?
- Claro, sempre! A gente nunca sabe quando vai chover...
- (pausa reflexiva)
- Ah, eu já perdi algumas sombrinhas esquecidas em lugares diversos e até hoje desconhecidos...talvez por isso tenha desistido delas, sei lá.
- Tá bom Clara, vem que eu te levo até o carro de carona na minha inseparável sombrinha...risos.

Aceitei a carona. E aquele breve diá
logo me acompanhou no trajeto de volta.
Não menti sobre o fato de ter um patrimônio considerável de sombrinhas perdidas pelo mundo, mas de fato não sei se é só isso.
Acho que nunca é SÓ isso.
Desconfio que não carrego sombrinhas porque não quero me prevenir da chuva. Nem do sol, nem do vento, nem de nada.
Não me entendam mal. É claro que eu não curto tomar banho de chuva em pleno horário de almoço e ter de voltar ao trabalho com o cabelo virado num fuá e a maquiagem escorrendo.
Mas não quero esse plano de prevenção a qualquer custo.
Esse compromisso de avaliar todas as probabilidades, inclusive as meteorológicas.
Talvez por preguiça, mas talvez por me sentir mais leve.
Afinal, sombrinhas também pesam.

Então tá!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O negócio é aumentar a idade.



Uma amiga de 30 anos resolve ir ao supermercado comprar cervejas. 
Chegando ao caixa, o simpático rapaz que lhe atendia, perguntou se ela era maior de 18 já que estava tentando comprar bebida alcoólica.
Ela esquece as cervejas e pergunta: 
- Você jura que eu pareço ter menos de 18? Porque eu tenho bem mais que isso...
- Bem, agora que a Sra. falou ...no máximo uns 21, 22.
- Errado. Tenho 36...
- 36 ???? Meus parabéns... A senhora realmente parece bem mais jovem!
Mas peraí... Não entendi. Porque você aumentou a idade? Já não basta o peso dos 30, você resolve dizer que tem 36?
- É pra valorizar o passe amiga. Se eu digo que tenho 30 e ele pensa que tenho 22, ganhei só 8 anos. Ao passo que, eu me declarando com 36, ganho 14 anos! Baita negócio!
Depois desse desconto, nem me importei em economizar na cerveja.
Então tá!

Livremente inspirado nos meus diálogos tragicômicos com Daniela Feijó

sexta-feira, 9 de março de 2012

Diálogo


- Amiga, como é chegar nos 30?

- Mas você não tem 29 já? É a mesma coisa.

- Não amiga. Os 30 devem ser bem diferentes. É uma passagem.

- É realmente. Eu passei da calça 38 para a 40.

- Ah, mas tem um glamour chegar nos 30 não é mesmo?

- Tem sim... o problema é que o glamour dura apenas um ano, depois a realidade bate a porta. Ou melhor, chuta a porta.

- Ah, não repare quando me rever, pois eu agora decidi aproveitar a vida, antes de chegar aos 30. Só ando com galera, uso roupa colada e tenho falado uma porção de gírias.

- Reparo não. Agora se eu te re-encontrar aos 50 e você estiver usando shortinho jeans eu prometo repreendê-la.

- E se eu estiver com pernas maravilhosas?

- Minha cara, como diria Glorinha Kalil: “o problema é que as pernas não andam por aí sozinhas”.

Então tá!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Insônia de verão.





Calor do cão. Não entendo essas pessoas alvoroçadas, que logo nos primeiros dias da primavera saem de casa de mini blusa, mini saia, mini juízo.
Esquecem-se que depois da primavera vem a torradeira? Isso atrai, caramba!
Por falar em torradeira lembrei que tenho uma. Mas que não tenho pão. E que tenho fome.
Sabia que devia ter passado no mercado antes de chegar, mas e a pressa de chegar em casa?
Aliás, pressa pra que hein?
Vou levantar e tomar um banho. Mas já tomei dois hoje. E o planeta? Tenho que economizar água.  
Deveria tomar um Lexotan, isso sim.
E depois outra: é preciso tomar várias decisões com relação ao banho.  Lavar o cabelo? Se lavar tem que secar. Mas ligar o secador com 40 graus lá fora, está fora de cogitação.
Podiam inventar um secador frio para o verão né? E que a gente ficasse lisa sem precisar fazer escova. E que desse brilho. E que hidratasse.
Melhor não lavar o cabelo de novo. Não faz bem aos fios.
Depois do banho tem que passar hidratante na pele. Só de pensar em me besuntar com alguma coisa melequenta me dá náuseas.
Tem coisa pior do que se besuntar de creme no verão?  Tem! Se besuntar com óleo hidratante. 
Esquece o banho e vai dormir.
Esse ventilador faz mais barulho do que vento. E o vento é quente.
Abre a janela.  Vai entrar mosquito. Coloca veneno. Me sufoca.
Passa repelente. Gruda!
Então dorme criatura, dorme, porque até os mosquitos estão dormindo a essa altura.
Mas e a fome?  É psicológica. É sim...escuta os roncos da minha barriga pra ver se é psicológica.
Aliás o barulho era do ventilador ou da minha barriga?
1h30 da manhã. Já virei abóbora.  Calda de abóbora melhor dizendo.
Liga a TV. Que diabos passa na TV a essa hora?
Credo! Alguém compra um anel de esmeraldas cravejado de diamantes por suaves 18 parcelas de 2.734,00 a essa hora da manhã?  Vai ver o público alvo a esta altura já está um pouco embriagado e não lê direito o número de parcelas.
É isso! Álcool!!! Quem sabe dá sono.
Só tem cerveja quente. Nem pense, que dá dor de cabeça.
Uma geladeira sem cerveja deveria ser um crime previsto em lei.
Troca de canal.
Missionário João Paulo de Deus. Dando a palavra.  Há! Não confio em quem dá qualquer coisa a essa hora da madrugada meu Senhor.
Esquece a TV. Liga o rádio.
Rádio? Só do celular. Mas demora tanto a sintonizar uma rádio que quando eu conseguir, os galos já estarão cantando.
Então esquece tudo e medita.
Eu não sei meditar. Minha mente é uma montanha russa desgovernada. Tente pará-la para ver o que acontece. Alguém vai cair de lá e pode ser fatal.
3h30. O missionário já desistiu de dar a palavra e o estoque de jóias raras do outro canal deve ter chegado ao fim.
Uma pechincha!
Feliz da moça que ganhar aquele anel. Nem se eu penhorasse o corpo poderia comprar. A não ser que fosse por Kg, pois estas estão bem fartas. Quem sabe em arroba.

05h Preciso começar a fazer exercício. E dieta.
Dorme, pensa nisso amanhã.
Mas já é amanhã.
07h. Bom dia pra você também despertador, que assim como eu esteve incansavelmente alerta durante mais essa noite.

Então tá.